domingo, 15 de novembro de 2009

A Importância da Afetividade no Desenvolvimento Infantil .

A Importância da Afetividade no Desenvolvimento Infantil .

Profª Ms. Beatriz Machado



Quando pensamos em desenvolvimento humano, é necessário que tenhamos claro que ele é entendido de forma global, porém para efeito de estudo, abordamos a partir de quatro aspectos básicos estes sendo, segundo Bock (1999):
- Aspecto físico-motor: refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo.
- Aspecto intelectual: é a capacidade de pensamento, raciocínio.
- Aspecto afetivo-emocional: é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. A sexualidade parte deste aspecto.
- Aspecto social: é a maneira como o indívíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.
Assim, para atuarmos junto às crianças de 0 a 3 anos, devemos ter claro tais aspectos para podermos proporcionar-lhes condições para um bom desenvolvimento, e que este os conduza para uma vida adulta mais equilibrada.
Neste documento nos ateremos ao aspecto afetivo como um dos aspectos importantes que compõem , o desenvolvimento infantil e que permeia as relações entre educadora e criança.
Procurando entender melhor o que é afetividade , procuramos o seu significado no dicionário Aurélio apud Arantes, “ Psicol. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.”
Dessa forma, o afeto é o que liga a nossa capacidade de nos mantermos o nosso equilíbrio interno, assim a afetividade, influencia na nossa percepção, a emoção, o pensamento, a memória, portanto, é ela que nos faz estarmos adaptados ao nosso meio, e com capacidade de responder adequadamente aos estímulos internos e externos.
A afetividade não é considerada uma aspecto isolado do pensamento, mas como parte deste, desta forma estes dois aspectos estão integrados. O que dá sustentação para tal afirmação é que “ (...) o conhecimento dos sentimentos e das emoções requer ações cognitivas, da mesma forma que tais ações cognitivas pressupõem a presença de aspectos cognitivos”( Arantes, 2002, p. 159)
Tal afirmativa nos leva a entender que no processo de aprendizagem das crianças não devemos nos esquecer da relação afetiva que cerca tal processo, pois não basta criar condições ambientais para a aprendizagem, mas também, procurarmos trabalhar a afetividade entre educador e a criança.
Para aprender é necessário que estejamos recebendo e organizando as nossas percepções do nosso meio, e integrando as informações as nossas experiências anteriores, o que implica em assimilar as novas informações, para termos um novo conhecimento.Assim, é importante que retomemos a teoria de Jean Piaget (1896-1908), biólogo e epistemólogo suíço, que

(...) nos advertiu sobre o fato de que, apesar de diferentes em sua natureza, a afetividade e a cognição são inseparáveis, indissociadas em todas as ações simbólicas e sensório-motoras. Ele postulou que toda a ação e pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um aspecto afetivo, representado por uma energética, que é a afetividade.(Arantes, 2002, p.162)

Seguindo este raciocínio, o papel da afetividade para Piaget é funcional na inteligência. Ou seja, ela é a energia que propulsiona a inteligência. Portanto, para que ocorra o desenvolvimento cognitivo é necessário que trabalhemos a afetividade antes, pois é este gostar que irá nos conduzir para a busca do conhecimento.
Diante disso, a educadora deve ter em mente que a criança para aprender deve estar motivada para tanto, o que, sem dúvida, deve quer aprender. Os procedimentos que envolvem o ensino-aprendizagem, não devem desconsiderar portanto, a afetividade, ou seja a relação afetiva entre educador e criança.
Outro teórico que nos auxilia a entender a afetividade no processo de aprendizagem é o psicólogo russo Lev Semenovich Vygotsky ( 1896-1934), este postulou “ que as emoções integram-se ao funcionamento mental, tendo uma participação ativa em sua configuração”. (Arantes, 2002, p.163)
Para Vygotsky, quando nomeamos um sentimento fazemos com que estes variem, o que leva a considerar que existe uma certa relação com o nosso pensamento, pois a linguagem nos é dada a partir da interação entre a criança e o seu meio sócio-cultural. Assim, quando definimos um sentimento, temos que dar-lhe um sentido, o que por sua vez nos foi dado no processo de aprendizagem com o outro.
Além destes dois teóricos, encontramos em Henry Wallon (1879-1962), filósofo, médico e psicólogo francês, que reconheceu na vida orgânica as raízes da emoção, e que nos trouxe, contribuições significativas acerca do assunto.
Para ele, “(...) a inteligência e a afetividade estão integradas: a evolução da afetividade depende das construções realizadas no plano da inteligência, assim como a evolução da inteligência depende das construções afetivas.” ( Arantes, 2002, p.164)
Assim, a questão da afetividade para Wallon passa a ser o objeto de estudo para entender o desenvolvimento humano, onde as emoções passam a interagir com a inteligência. Pois a medida que a criança cresce e as suas interações com o meio vão acontecendo, ela vai cedendo lugar para a inteligência e ao mesmo tempo integrando a inteligência as novas aprendizagens.
Portanto, a criança, tem como base as suas experiências orgânicas, porém, à medida em que ela interage com o outro, esta passa a construir novos conhecimentos. Assim, para Wallon considera o psiquismo como sendo a síntese entre o orgânico e o social.
Estes três teóricos nos auxiliam a entender como a afetividade faz parte do processo de desenvolvimento infantil. Dessa forma, para atuarmos com as crianças é importante que possamos estar trabalhando tal aspecto com as crianças.E ao mesmo tempo, possibilitar que enquanto educadores a afetividade seja um aspecto fundamental na nossa interação com acriança.
Como podemos ver, não existe desenvolvimento e aprendizagem sem a afetividade, portanto, devemos procurar entender que para evoluirmos enquanto seres humanos é importante que também procuremos entender a criança como sendo um sujeito afetivo e que, por conseguinte, devemos estabelecer entre nós e a elas uma relação afetiva, que possa conduzir há uma troca entre os elementos que compõem o processo de ensino-aprendizagem.
Concluindo, o educador inserido nos Centros Municiais de Educação Infantil, deve estar atento à afetividade que envolve o processo de ensino-aprendizagem, pois é ela a mola para o desenvolvimento e a aprendizagem.S sem isso a criança não tem interesse em estar procurando novas aprendizagens, o que impedirá o seu pleno desenvolvimento e acarretará para ela problemas futuros não apenas na questão da aprendizagem, mas também enquanto indivíduo com capacidade de interagir e estabelecer relações afetivas saudáveis com outras pessoas.


Referência Bibliográfica:

ARANTES, Valéria Amorim. A afetividade no Cenário da Educação. In: Oliveira, Martha Khol de (org.). Psicologia, Educação e as Temáticas da Vida Contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002. (Educação em pauta: teorias & Tendências/Ulisses F. Araújo).

BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologías: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ªed. São Paulo: Editora Saraiva, 1999.

KRUEGER, Magrit Froehlich. A relevância da afetividade na educação infantil. Disponível em: http://www.icpg.com.br/artigos/rev.03-04.pdf. Acesso em 09 nov.2005.

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